Lu
Há muito tempo eu parei de tentar entender os valores que norteiam o mundo. Já escrevi sobre os valores que são dados às pessoas, contemporaneamente, e como essa hierarquização mostra-se, no meu entender, confusa e deturpada.

Partindo desse princípio - que o valor dado a uma coisa determina sua hierarquização- gostaria de começar minha indignação de hoje com a notícia da pena dada a Eliana Tranchesi, pela Justiça brasileira, por crime contra a ordem tributária.

Para os que não moram em São Paulo ou não acompanham o caso, Eliana Tranchesi foi dona da Daslu, uma das lojas mais elegantes da América Latina, voltada para o consumo de luxo. Por conta da clientela e de seu escopo, quase cem por cento das mercadorias vendidas na loja são importadas.

Ocorre que, em virtude de uma fiscalização realizada pela Polícia Federal na Daslu, ficaram evidentes os indícios de crime de sonegação fiscal por meio criação de tradings fictícias, subfaturamento e contrabando. Por esses crimes, Eliana foi sentenciada a 94 anos de reclusão, em regime fechado, sem direito a apelar em liberdade.

Antes de começar minha opinião, gostaria de esclarecer que não faço apologia à sonegação ou a qualquer meio ardiloso de burlar o Fisco. Aliás, faço apologia a pouquíssimas coisas na vida, entre elas, à tolerância, ao amor ao próximo, ao bom senso sistemático, ao livre arbítrio e à gentileza irrestrita (não, maconha não é uma delas).

O fato é que a mesma Justiça que condenou Eliana Tranchesi, foi a que determinou a pena de Suzanne von Richtofen - a que elaborou e auxiliou a execução dos pais, mortos a pauladas enquanto dormiam - em 39 anos de prisão e condenou Pimenta Neves a 18 anos de reclusão -pela morte da namorada, por meio de um tiro à queima-roupas e pelas costas - e no qual permite que o condenado aguarde o julgamento de recurso em liberdade. Temos também o caso do coronel Ubiratan Guimarães, condenado a 632 anos pelo assassinato de 111 presos no Carandiru que, embora tenha recebido vultuosa pena, encontrava-se em liberdade quando foi assassinado, supostamente, pela namorada.

Ora, a forma pela qual o Direito é aplicado em uma sociedade nos mostra o valor que é dado aos diversos fatos nela inseridos. Diante dessa premissa, podemos concluir que, no Brasil, contrabandear uma Louis Vitton é mais condenável que mandar matar os pais a pauladas.


Lu

Parece, mas eu não morri.

Voltei para a atualização dessa bagaça graças aos pedidos de vocês, pentelhos leitores, em especial de um certo GDiamantino, líder da banda DCV- porque mineiro também sabe fazer bom rock (maiores detalhes, se virem no Youtube).

Farei um breve resumo do ocorrido durante a minha ausência, tendo o cuidado de poupá-los dos detalhes nauseantes:

- Fiquei bem mal na semana passada por conta de um distúrbio esquisito de saúde...Sério, me senti no bico do corvo...Pero, como vaso ruim não quebra fácil, cá estou quase 100% reestabelecida.

-Continuei recebendo solicitações de conselhos amorosos. Gente! Um chimpanzé de circo tem maior chance do que eu de dar um conselho que preste! Relacionamentos, rolos e afins não têm manual para ler antes. Você vai tateando e, na cara e alguma coragem, vendo o que funciona e o que não funciona....Simples. É como jogar xadrez no escuro. E com luvas.

-Não fui ao show do Deep Purple. A eficiência de vocês é usada só para me encher o saco; contribuir que é bom...nada! Seus fiascos! Ainda bem que não lancei campanha contra a AIDS ou para salvar as crianças famintas da África...estariam todos fudidos!

E por último, mas não menos importante: COMUNICADO EXTRAORDINÁRIO

Ae, pentelhos, regozijem-se! Tô namorando. Heee!

Lindo, não, Brasil? Em breve texto sério na área.


Lu
Não sou religiosa --e, ainda por cima, não sou cristã. Talvez não seja a pessoa mais recomendada para comentar a decisão da Igreja Católica de excomungar a mãe da menina de nove anos em Pernambuco e os médicos que fizeram o aborto --a menina, de 9 anos, estava grávida do padrasto. A excomunhão me parece um segundo estupro.

Apesar de discordar, posso entender que a Igreja condene o aborto. Até, fazendo força, entendo que condenem um padre, parlamentar do PT, que defendeu o uso da camisinha. São posições arcaicas e, na minha visão, prejudiciais à saúde pública, mas se inserem em princípios.

O que não consigo entender é por que estão humilhando e fazendo sofrer ainda mais a mãe da menina grávida, já condenada a um drama familiar --um sofrimento que se estende para a garota, que fica como filha de uma excomungada. Quem conhece a religiosidade do interior do Nordeste sabe o peso disso.

Faltou aí não só bom senso, mas humanidade. Duvido que essa seja a opinião da maioria dos católicos.
Lu


Por que o Ronaldo (The Hunt) no Corinthians não tem preço.

Dedicado à Raquel