Lu
É difícil fazer alguém feliz, assim como é fácil fazer triste.

É difícil dizer eu te amo, assim como é fácil não dizer nada

É difícil valorizar um amor, assim como é fácil perdê-lo para sempre.

É difícil agradecer pelo dia de hoje, assim como é fácil viver mais um dia.

É difícil enxergar o que a vida traz de bom, assim como é fácil fechar os olhos e atravessar a rua.

É difícil se convencer de que se é feliz, assim como é fácil achar que sempre falta algo.

É difícil fazer alguém sorrir, assim como é fácil fazer chorar.

É difícil colocar-se no lugar de alguém, assim como é fácil olhar para o próprio umbigo.

Se você errou, peça desculpas... É difícil pedir perdão? Mas quem disse que é fácil ser perdoado?

Se alguém errou com você, perdoa-o... É difícil perdoar? Mas quem disse que é fácil se arrepender?

Se você sente algo, diga...

É difícil se abrir? Mas quem disse que é fácil encontrar alguém que queira escutar?

Se alguém reclama de você, ouça...

É difícil ouvir certas coisas? Mas quem disse que é fácil ouvir você?

Se alguém te ama, ame-o...

É difícil entregar-se? Mas quem disse que é fácil ser feliz?

Nem tudo é fácil na vida...

Mas, com certeza, nada é impossível.

Precisamos acreditar, ter fé e lutar para que não apenas sonhemos,

Mas também tornemos todos esses desejos, realidade!!!

Cecília Meireles


Para a Lá que me apresentou à Cecília.
Lu
Pai,

Estou te devendo essa carta há algum tempo. Sei que entende que os deveres diários muitas vezes nos ocupam de tal forma que acabamos postergando pendências importantes.

A vida está correndo; o tempo passou, me criei e hoje crio meu filho. Existem momentos em que penso estar fazendo um bom trabalho, afinal cheguei mais longe que muita gente em condições bem mais favoráveis e, até posso dizer, com um relativo equilíbrio.

Foi duro, é verdade, e por mais que se conclua que a vida, de certa forma, foi bem conduzida, não basta, nunca basta, sempre existe aquela impressão de que algo é falho ou insuficiente.

Pai, o motivo dessa carta é te dizer que apesar de percorrido todo esse caminho, com seus erros e acertos, vez ou outra, sinto uma sensação de desamparo pela sua ausência. Até que ponto as coisas teriam sido diferentes com você aqui?

As falhas, pela sua ótica, sempre pareceram mais suaves. Talvez isso tenha feito os meus tombos parecerem maiores já que a vida nunca me dispensou essa suavidade.

Sei que quando você se foi, o que perdi de proteção, ganhei em coragem. Mas hoje eu não quero ser corajosa; queria que pudesse se deitar ao meu lado e me dizer que, de algum jeito, estou na direção certa. Queria que me explicasse o que é a direção certa. Queria ouvir do seu jeito bem humorado, que a melhor forma de ser feliz é fazer as pessoas felizes (lembra-se dessa carta?). Queria sua presença silenciosa.

Pai, estou bem e tenho certeza que amanhã essa angústia terá ido embora. Hoje ainda vou dormir um pouco perdida. Amanhã a sorte muda.
Sempre te amo.
Beijo,
Lu