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Quando Camus escreveu A peste trouxe uma nova concepção para o existencialismo: O humanista solidário.


Cada um dos personagens, sobreviventes em uma cidade assolada pela peste bubônica, é solidário ao outro - Só podemos salvar-nos salvando outros- é o lema desses humanistas.


A solidariedade nasce do desejo, ou da necessidade, de compreender e ser compreendido.A angústia é dolorosa e solitária-pregava Satre- cada um é responsável único pela própria dor.


A angústia é muito bem vivenciada na literatura. Existem relatos na mitologia grega e romana, nos textos iluministas, nos próprios existencialista do começo do século XX e na literatura beat, mas nunca a dor da alma foi tão bem descrita como na Divina Comédia, por Dante Alighieri.


Junto como o poeta Virgílio, Dante chega ao primeiro círculo do inferno, chamado o Abismo da Depressão:


Do vale desse abismo doloroso,
Donde brado de infindos ais troava.
Tão escuro, profundo e nebuloso
Era, que a vista lhe inquirindo o fundo,


Não distinguia no antro temeroso. ...
Dos que lá são o angustioso estado
Causa a que vês no rosto meu impressa,
Piedade, medo não, com has cuidado. ...


Em que o abismo a estreitar-se já começa,
Escutei: não mais pranto lastimeiro Ouvi;
suspiros só, que murmuravam,
Vibrando do ar eterno o espaço inteiro...

Abismo fundo, escuro e doloroso...Solitário e inevitável. Que mergulha no primeiro círculo conhece a solidão da angústia; o sentimento único, pessoal, difícil de ser explicado, tão pouco compreendido por quem não está passando por isso. Incompreendido, subestimado e que faz angustiado se sentir duas vezes miserável - pelo preconceito e pela própria doença.

Precisamos de mais camunianos, precisamos de mais acolhimento, informação, solidariedade e caridade.